terça-feira, 22 de fevereiro de 2011
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E se ele pensa em você?
Ele pode estar olhando as suas fotos. Neste exato momento. Porque não? Passou-se muito tempo. Detalhes se perderam. E daí? Pode ser que ele faça todas as coisas que você faz. Escondido. Sem deixar rastros, nem pistas. Talvez ele passe a mão na barba mal feita e sinta saudade do quanto você gostava disso. Ou percorra trajetos que eram seus, na tentativa de não deixar que você se disperse das lembranças, as boas. Por escolha ou fatalidade, pouco importa, ele pode pensar em você. Todos os dias. E ainda assim preferir o silêncio. Ele pode reler suas mensagens, procurar o seu cheiro em outros cheiros. Ele pode ouvir as suas músicas, procurar a sua voz em outras vozes. Quem nos faz falta acerta o coração como um vento súbito que entra pela janela aberta. Não há escape. Talvez ele perceba que você faz falta. E diferença. De alguma forma, numa noite fria. Você não sabe. Ele pode ser o cara com quem passará aquele tão sonhado verão em Paris. Talvez ele volte, ou não.
Ele pode estar olhando as suas fotos. Neste exato momento. Porque não? Passou-se muito tempo. Detalhes se perderam. E daí? Pode ser que ele faça todas as coisas que você faz. Escondido. Sem deixar rastros, nem pistas. Talvez ele passe a mão na barba mal feita e sinta saudade do quanto você gostava disso. Ou percorra trajetos que eram seus, na tentativa de não deixar que você se disperse das lembranças, as boas. Por escolha ou fatalidade, pouco importa, ele pode pensar em você. Todos os dias. E ainda assim preferir o silêncio. Ele pode reler suas mensagens, procurar o seu cheiro em outros cheiros. Ele pode ouvir as suas músicas, procurar a sua voz em outras vozes. Quem nos faz falta acerta o coração como um vento súbito que entra pela janela aberta. Não há escape. Talvez ele perceba que você faz falta. E diferença. De alguma forma, numa noite fria. Você não sabe. Ele pode ser o cara com quem passará aquele tão sonhado verão em Paris. Talvez ele volte, ou não.
Nasce boneca, rostinho de porcelana, corpinho de pano. Da boneca, o pano vai se desgastando, rasgando, a porcelana racha, quebra a cara. Tenta se esconder achando que fuga é proteção, e de repente: Cadê a boneca que tava aqui? Fica sem graça ao perceber que não perde a graça trocando porcelana e pano por carne e osso, e aí já é tarde demais. Virou gente, e então fica tudo mais complexo, as coisas saem de controle. Aí diz uma coisa, repete, diz uma coisa, e nós aqui, vendo outra coisa. Contradição. Confusão. Como cantou Cazuza: Tuas ideias não correspondem aos fatos! E essa confusão grita aos olhos do público. Quem é você? Você sabe? O que você deseja? O que você faria se pudesse escolher, você sabe?
(Pedro Bial)
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